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Um “nós” só e mal acompanhado.

Foto de Misha Gordin
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Os portugueses antes da revolução tinham um paizinho …Depois tiveram uns paizinhos que lhes deram uma revolução…

Gerações inteiras habituaram-se assim a desvalorizar o debate, a construção de ideias em comum, a análise crítica de uma realidade “porque alguém já pensou nisso, ou está a tratar disso por nós”…

Como os modelos nos foram sendo apresentados por sucessivas elites, não nos interessava os processos, nem a história por detrás deles, e pior, os verdadeiros interesses dessas elites que já nos vendiam o peixe amanhado…

Assim chegamos hoje ao cúmulo desta preguiça mental colectiva, desta menoridade cívica militante, deste feroz ódio à menor autocrítica que nos desperte de maus hábitos seculares a que nos habituamos a chamar “cultura de um povo”…

Daí em Portugal os partidos parecerem clubes e os clubes partidos…Porque a vida interna dos clubes é mais debatida que a dos partidos, porque as eleições internas de um clube despertam mais paixões que a de um partido, porque as acções da presidência de um clube são mais escrutinadas que as acções de um partido no poder, e porquê? Porque consumir energia dessa forma é totalmente inútil e os portugueses adoram inutilidades! Já agora sabem quais os jornais que mais vendem em Portugal? Os desportivos claro está.

No entanto é comum ouvir ou ler um português dizer:
-Bahh… Esse tipo de conversas é filosofia, são todos iguais, para mim são todos iguais!
A  tradução desta frase é simples, “nas próximas eleições vou votar no mesmo ou na opção B habitual, por isso não me lixes a cabeça! Já tenho problemas que cheguem em casa, no trabalho, e o meu clube este ano anda a jogar mal pra caraças!”

Tudo que nos é dado de graça nós não damos valor. Daí ser habitual ouvirmos da boca daqueles que menos esperaríamos, porque mais necessitados ou numa situação profissional frágil, barbaridades deste género:
- Não percebo o que se celebra no 25 de Abril ou muito menos no 1 de Maio… Dia do trabalhador? Então no dia do trabalhador não se trabalha? (Ao que se segue um riso alarve intraduzível).

Quem esfrega as mãos de contente com este quadro? As tais elites. As mesmas que se riram às gargalhadas quando viram metade dos portugueses a correr para um certo supermercado no último 1 de Maio, tal qual horda faminta e bem condicionada, que vai mudando de direcção a estalos de chicote, que hoje são lindas melodias prometendo promoções.

Quem não tem coragem de traçar e expor este quadro? As tais elites não o farão certamente, e miseravelmente as oposições de serviço também não, porque este discurso não vende, porque nele não há um eles abstracto, longínquo e odioso, nele há apenas um ”nós”! E esse “nós” está só e mal acompanhado…

© Manuel Tavares 01/05/2013

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