Os argonautas.
“A saga
dos argonautas descreve a perigosa expedição rumo à Cólquida em busca do
Velocino de Ouro. Conta o mito que Éson havia sido destronado por Pélias, seu
meio irmão. Seu filho Jasão, exilado na Tessália aos cuidados do centauro
Quíron, retornou ao atingir a maioridade para reclamar ao trono que por direito
lhe pertencia. Pélias então, que tencionava livrar-se do intruso, resolveu
enviá-lo em busca do Velo de Ouro, tarefa deveras arriscada. Um arauto foi
enviado por toda a Grécia a fim de agregar heróis que estivessem dispostos a
participar da difícil empreitada. Dessa forma, aproximadamente cinquenta jovens
se apresentaram, todos eles heróis de grande renome e valor. Cada um deles
desempenhou na expedição uma função específica, de acordo com suas habilidades.”
Fonte “Wikipedia”.
Acabei de ver o “Argo”…
Um filme curioso, baseado em factos de reais, de como um
guião ajudou a resgatar seis pessoas, mas tal só foi possível porque o
responsável da operação não seguiu o “guião” imposto.
É de facto um filme curioso, e portador quanto a mim de
uma curiosa lição, muitas vezes o “guião” mais surreal é aquele que é portador
da solução. No entanto para lá chegar convém exercitar curiosamente também, um
agudo sentido da realidade.
Ao não ser convencional e seguidista o “herói” seguiu
algo que por vezes é subestimado seja qual for a sociedade, sistema, tradição
ou cultura, o seu instinto e o sentido daquilo que o seu coração e honra achou
mais correcto num determinado momento.
Para isso pôs em
perigo o seu bem mais precioso, a própria vida, o que lhe deu sem dúvida uma
enorme força para mandar à fava outro tipo de condicionamentos, neste caso o
seu treino, disciplina e a hierarquia a que estava submetido.
Nem sempre os “guiões” sancionados por uma maioria estão
fadados ao sucesso. Por exemplo, nós vivemos num “guião” sancionado pela
maioria e todos os dias vemos onde nos tem levado.
Por mais elevados os fins, por mais pernicioso seja o
inimigo a “abater”, raramente a insistência numa só estratégia costuma servir
para “caçar” todo o tipo de “fauna”. Já para não falar, obviamente, que são
cada vez mais difusos os “guiões” daqueles que nos dizem:
- Amigo…não vás por aí…tu até podes ter a tua razão mas
estás fora do “guião”…sim o “guião”, aquele que já foi pré-estabelecido, e que
nós, dentro claro está, da nossa liberdade individual, pronto, isso… livre
arbítrio, livre pensamento e coisa e tal, tudo coisas com que concordamos, mas
sabes…em tempo de guerra não se limpam armas, temos que seguir uma linha
percebes, um “guião”… sabes há uns gajos que estudam estas coisa e tal, nós
olha, vamos mandando umas bocas mas no essencial devemos fazer barulho ou…
silêncio, conforme…conforme o guião.
Eu penso que estamos todos presos num grande “guião”
chamado vida… Nesse “guião” há uma estreita e secreta relação entre todos nós,
como se juntos, fossemos um gigantesco organismo. No entanto um organismo é
sempre constituído por partes, algumas bem pequenas, microscópicas, atómicas,
ou então, subatómicas ! 10.000 vezes mais pequenas que um átomo…
Como partícula subatómica neste imenso “guião” chamado
vida vou tentando dirigir o meu próprio filme. Por vezes é difícil ser guionista,
produtor e realizador. A solidão ataca e as dúvidas também, mas vamos
aprendendo a viver longe do conforto dos “guiões” pré-estabelecidos, e há
tantos, tantos por aí.
Os seus “agentes”
são numerosos… Por vezes parece que em cada esquina, café, pastelaria, quiosque,
e hoje em dia, em cada perfil, página, ou grupo de uma qualquer rede social, nos
blogues ou média online, lá estão eles:
- Ó pá cala-te! Não vás por aí!
- Ó pá cala-te! És um divisionista… não vás por aí!
- Ó pá cala-te! Até te percebo…tens razão…mas isso agora
não interessa … não vás por aí!
Como se o que importasse não fosse de facto derrubar o “Adamastor”,
mas cumprir um certo guião para o fazer, no fundo tentar provar que um
determinado “guião” tem “razão”…
Um recadinho pequenino aqui do “Hitchcock”, se quiserem
trocar impressões acerca dos “guiões” possíveis para tornar o “guião” geral mais
suportável e justo para todos, aqui estou eu disponível, quanto a “guiões”
destinados à pecuária, estilo aqueles feitos para grandes rebanhos, com “bué da”
colesterol, ou então daqueles mais pequeninos, com etiquetas ecológicas ou
sustentáveis, ou de origem controlada, estilo carne barrosã, era só para dizer
que o único cartão de pontos que tenho é do supermercado…e mesmo só com esse sinto-me mal.
© Manuel Tavares 23/02/2013
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