Uma noite sem mil.
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Magnetic Storm
Digital Artwork over original photo 50 x 50 cm
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Como um creme
Macio e denso
Assim enquadro
Rostos e corpos
Na bruma nocturna
Pesada, quente
Fazendo dos sonhos
Mais secretos
Mais escassos
Memórias vivas
Dos seus desejos.
Deslizam
Mãos de perfumes
Que exploram
Desvendam
Despertam
Flores que tardavam
A florir.
Logo sobe
À epiderme
Primeiro num murmúrio
Depois num lento
Quase angustiado
Ferver
Um ser que vivendo
No mesmo corpo
Pouco vai sendo
Ou existindo
Mais que seu
Suposto dono.
É agora adocicado
O momento,
Uma frase
Num rosto de mulher
Mergulha a noite
Noutra noite
Mais escura
Mais funda
Mais longe
Num esquecimento
Presente, vibrando
Feminino
Sem norte
Sem rumo.
No entanto
Há cor,
O simulacro
Belo e fantástico
De um destino
Prazer anónimo
Que torna os actos
Em algo selvagem
Animal
Ou apenas humano
Demasiado humano…
Acordo.
Mal respiro
Os olhos abrem-se
Sem o quererem
E como um véu
Sobrepondo-se
A outro véu
O quarto revela-se
Denso e parado
A cama um pântano
Morno e sombrio
E a meu lado
Branco, quase mármore
Um corpo de costas
Repousa maduro.
© Manuel Tavares 30/08/1998
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