"Conversetas" durante o expediente...
O Senhor José Maria Ricciardi, presidente do BES Investimento, diz que
"não é ilícito nenhum falar com o primeiro-ministro" ao telefone e
não receia ser constituído arguido no caso Monte Branco.
“Não considero absolutamente ilícito nenhum conversar com o
primeiro-ministro e fazer-lhe perguntas", afirmou Ricciardi em entrevista
à TVI24 na terça-feira à noite, respondendo a questões sobre o caso das
alegadas escutas no âmbito do processo de privatizações da REN e da EDP em que
estará envolvido, segundo noticiou o jornal "Público" a 15 de
Outubro.
Ora a questão aqui, para mim, já nem é saber se o homem disse algo
comprometedor, mas sim a facilidade de acesso e tempo que é concedido a estes
indivíduos para falar com um Primeiro-ministro, eleito por alguns e pago por
todos.
Associações há que representam milhares de pessoas ou mais, que nunca
conseguem sequer falar com um secretário de Estado quanto mais um PM. O governo
até criou, por exemplo, um concurso ridículo para eleger o "melhor
movimento do facebook", que assim teria direito a um chá e bolachinhas com o PM...
No entanto basta a um banqueiro qualquer pegar num telefone e já está! Logo
se desenrola longa “converseta” paga por nós (ou alguém acredita que elas
decorrem sempre fora do horário do expediente? Já viram o canal AR? De que
falam eles quando pegam no telemóvel a meio dos trabalhos na Assembleia? Se
isto passa às claras imaginem no sossego dos gabinetes!).
Mas estas coisas não são comentadas...Passam ao lado das notícias e são
quase assumidas como "naturais"...
Por isso eu lhe digo Sr.Ricciardi, claro que é "ilícito falar com o
primeiro-ministro"!
Fale com ele durante as vossas férias nas Maldivas, num concerto qualquer
depois de um Conselho de Estado, ou num Domingo destes durante a missa do
Cardeal...Durante o expediente pago por todos nós não! Mas já agora lhe digo
também que a atitude em "off-time" lhe fica tão mal como em
"part-time"...
Bom dia e façam o favor de acordar...
© Manuel Tavares
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