Que fazer com as sobras?
Tenho o hábito anterior a
"crises" de quando almoço ou janto em algum lado mandar embrulhar o
que sobra… Não é para o cão, é para mim mesmo. Continuo a notar que para muitos
este hábito é surpreendente, talvez porque o achem indigno, coisa de sovina ou
mesmo de pobre, ou simplesmente por vergonha, e aí bato de frente com algo que
especuladores espertos souberam aproveitar bem, a incapacidade congénita que
muitos portugueses têm de poupar muitas vezes pelo mais medíocre dos motivos, o
que os outros podem ou não pensar acerca dele (há quem lhe chame vaidade).
Muitos se surpreendem pelo
patrão do Ikea andar de metro, eu não. Tem a ver com uma mentalidade e forma de
estar na vida com que sinceramente me tento identificar. Tal como não é
surpreendente para mim os deputados suecos não terem assessores, ou possuírem
um gabinete espartano ao seu dispor e um apartamento ainda mais espartano. Ou o
seu PM habitar numa casa tão vulgar, que se o quisessem visitar
possivelmente falhavam a morada dez vezes, mesmo que o vissem à varanda a
esticar a roupa (ou sobretudo por isso) visto que um dos seus divertimentos
favoritos é arrumar a casa (bem aqui admito que o "gajo bate mal").
Eu felizmente ainda estou
longe da sopa dos pobres (apesar que com os governos que vamos tendo ninguém
diga "desta sopa não sorverei alarve e ansiosamente"), mas considero
que a poupança deve ser um hábito mais entranhado que virar sem fazer pisca, o
combate ao desperdício algo natural como andar de "Armani" ao mesmo
tempo que se atira a beata para o chão.
O poupar é um valor em si
mesmo. Não devemos poupar apenas quando nos falta mas porque não queremos
ocupar mais espaço no mundo do que aquele que este comporta, e cada vez que não
o fazemos reduzimos o "tamanho do mundo" a um desgraçado qualquer que
bem gostaria de comer algo um dia a que chamasse almoço, quanto mais ficar com
as sobras...Bem vou almoçar...sobras que me vão saber muito bem.
© Manuel Tavares 1/10/2012
Jamais desperdiço o que quer que seja; tudo em minha casa tem utilidade e confesso que se assim é, aos meus pais o devo. Mesmo sendo pessoas abastadas sempre preservaram e incutiram aos filhos o sentdo de poupança.
ResponderEliminarJá não saberia viver de outra forma!
Bem hajam!