Miséria...
Por vezes
parece que o nosso ser se eleva, e percebemos as razões de tanto tumulto e
ruído que nos assola, causando-nos interior miséria.
São
momentos mágicos de profunda lucidez. Tudo surge claro...sem pressas ou
juízos...exactamente como é. Sabemos intimamente que o momento é real porque
nos dói, como se algo nos limpasse as brumas do olhar com um vento gélido...
Depois
surge manso um calor que nos dissolve… Que nos parece levar numa queda sem
retorno a que instintivamente resistimos. Num ápice volta a rotina dos equívocos!
Evitamos a queda sem nome pelos nomes que sabemos, sabendo nós que eles mentem.
Verificamos
mais uma vez que a miséria é nossa porque a escolhemos. E a razão desta escolha
não é porque nos rodeia miséria, mas porque adormecemos e acordamos
pressentindo que cavamos infortúnio no peito, no nosso peito, do qual
deveríamos ser donos.
Por isso
ao abrirmos os olhos vemos alvoroço, porque ao fechá-los o levamos connosco…Para
dentro.
© Manuel
Tavares
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